sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Bairros Operários

Bairros operários (...) Em São Paulo, os operários concentravam-se no Brás, que, em 1893, com 32.387 habitantes , era o segundo bairro em população. Só perdia para o antigo bairro de Santa Efigênia , que tinha 42.715 habitantes. Esses números contrastavam com a situação encontrada em 1872, 21 anos antes, quando o Brás contava com 2.037 moradores, constituindo um dos menores bairros da Capital. A vida do Brás não era diferenciada de qualquer outro bairro operário de outras cidades, como Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Campinas. Tudo faltava, tudo estava por fazer. As ruas não eram pavimentadas. Nos dias de chuva era aquele lamaçal, nos dias de sol era aquela secura e poeira no ar. Os viajantes que no final do século passavam por São Paulo e visitavam o Brás, descreveram o bairro como um lugar sombrio, submerso em nuvens de fumaça expelidas pelas chaminés das fábricas. A população sofria com as freqüentes falhas de água. A iluminação a gás existia somente em algumas ruas e o esgoto não passava de uma vala aberta em plena rua.(...) A higiene passava longe dos bairros operários. Neles, as doenças como a escarlatina, a varíola e a febre tifóide encontravam suas vítimas. A vida nesses bairros era passada na fábrica e no cortiço, que formava mais de um terço das moradias existentes em São Paulo. Residência típica dos operários , o cortiço era formado por um casario de um andar , de onde saiam duas fileiras de cômodos, lado a lado. Nesses aposentos baixos e sujos habitavam famílias inteiras de trabalhadores, às vezes compostas de oito a nove pessoas. No pátio interno, havia um área comum aos cômodos , um tanque, para lavar roupa e uma latrina que servia a todos. O ambiente era propício para o desenvolvimento da mortalidade infantil, cuja taxa na capital era uma das mais altas , segundo o próprio secretário dos negócios do Interior, Dr. Cesário Motta. (...) Na cidade do Rio de Janeiro, o centro urbano se adensou nas últimas décadas do século XIX, acarretando problemas habitacionais: não havia casas para todos. As habitações coletivas, os cortiços, prosperavam. Em 1888, estas habitações correspondiam a 4% dos prédios da cidade e abrigavam 12% da população. Mais de 20 mil pessoas viviam nesses pardieiros.(...) (...) O Rio de Janeiro, uma cidade portuária, por esta razão e pelo descaso do poder público em manter a higiene, apresentava as piores condições de salubridade. Rio e Santos- outra cidade portuária e de intenso movimento- eram as cidades mais insalubres do país, e serviam de palco para grandes epidemias . (...) A insalubridade do rio de Janeiro foi resolvida pela reforma urbana empreendida pelo prefeito Pereira Passos, em 1904. A reforma visou à remodelação do centro da cidade, a valorização desse espaço para o comércio e as finanças. Mas para isso foi preciso enxotar a população pobre do centro, mediante um aoperação que ficaria conhecida com "bota abaixo". Centenas de imóveis foram derrubados e , em seu lugar, surgiram avenidas alargadas e embelezadas. (...) Com a reforma urbana, a Capital da República transformou-se numa cidade moderna e higiênica...em cartões postais.(...) RIBEIRO, Maria Alice Rosa. Trabalhadores: fábrica e cidade(Campinas), p.17-18,1989.

3 comentários:

CIEJA PARELHEIROS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CIEJA PARELHEIROS disse...

O texto que agregamos no presente blog é parte do acervo de textos que serviram de apoio para os estudos do projeto: São Paulo, viver e pertencer.
A essência do projeto é a ampliação da reflexão dos estudantes acerca do espaço Geográfico e Histórico da cidade de São Paulo.

CIEJA PARELHEIROS disse...

Parabéns aos estudantes, funcionários e professores pelo excelente trabalho desenvolvido no projeto: São Paulo, viver e pertencer.

Calasans.